Anemia não está ligada somente a “falta de ferro” no organismo. Entenda:

Hematologista destaca a importância de falar sobre a síndrome anêmica, quais os principais tipos e como buscar tratamento adequado

Um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde ao consórcio de instituições acadêmicas, liderado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indicou redução da anemia em brasileiros menores de 5 anos. Os dados preliminares do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil divulgados no primeiro semestre de 2021 mostraram queda de 50% na incidência de anemia em menores de 5 anos nos últimos 13 anos.

Na medicina, a especialidade responsável por identificar a causa da anemia é a hematologia, que realiza uma investigação detalhada para o diagnóstico. O médico hematologista, William Scheffer Chaves, explica que a anemia é, sobretudo, uma deficiência da proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue que transporta o oxigênio pelo organismo, conhecida como hemoglobina. Segundo o especialista, essa disfunção impacta em diferentes tecidos e órgãos do corpo, que sofrem com a falta de oxigenação.

“Na maioria das vezes, a anemia é consequência de uma doença ou carência nutricional, e não uma enfermidade em si. Dependendo do tipo de anemia, o corpo pode manifestar diferentes sintomas. O tratamento, por sua vez, leva em consideração a tipificação e a gravidade do problema, que pode demandar desde a suplementação de ferro ou vitaminas do complexo B até o transplante de medula óssea, em casos mais graves”, detalha William.

Atenção para os tipos mais incidentes da anemia

Mesmo que a anemia provocada pela deficiência de ferro no sangue seja a mais comum, o hematologista alerta que outras tipificações demandam cuidado e atenção.

Megaloblástica: causada pela deficiência da vitamina B12 ou de ácido fólico

Aplástica: pode ser adquirida ou provocada devido a outras doenças. Em geral, os fatores de risco para as patologias na medula óssea que desencadeiam a anemia estão ligados a substâncias tóxicas como a radiação, quimioterapia e certos medicamentos. Ainda, pode ser hereditária ou oriunda de condições como lúpus, hepatite e HIV.

Hemolítica: ocorre quando a medula óssea não consegue repor na quantidade ideal os glóbulos vermelhos destruídos Também acontece por intoxicações ou condições autoimunes.

Anemias hereditárias: é um tipo de anemia gerado por alterações genéticas, que afetam a produção e a vida útil dos glóbulos vermelhos. Em geral, é detectado logo após o nascimento ou até os seis anos de idade. Quando o gene é herdado apenas do pai ou da mãe, o paciente não desenvolve a doença necessariamente. Ou seja, via de regra, a patologia atinge indivíduos com genes herdados de ambos os pais.

Doenças crônicas: neste caso, o corpo detecta inflamações e passa a retardar a produção de hemácias, gerando quadros anêmicos. Além disso, há situações em que patologias crônicas fazem o organismo metabolizar o ferro de maneira anormal, provocando anemia. São mais propensos os pacientes com esse tipo de condição, especialmente aqueles com problemas renais, câncer e diabetes.

Doenças autoimunes: quando o organismo produz anticorpos que atacam as hemácias. O quadro mais comum nessas situações é a anemia hemolítica autoimune.

Como perceber a anemia

Os sintomas provocados pela anemia vão desde os sinais clássicos como cansaço e palidez, até os mais complexos, como fortes dores no corpo, dependendo do tipo e da gravidade. O hematologista William Scheffer Chaves destaca alguns sinais que podem demandar a busca por um especialista de forma imediata.

“A palidez na pele e nas mucosas, principalmente na parte interna do olho e nas gengivas, aparência apática, cansaço generalizado, falta de apetite, sonolência, falta de ar, taquicardia ou palpitações. Esses são os sintomas mais comuns que indicam a anemia no paciente”, detalha o médico, que também alerta para a incidência da síndrome anêmica em crianças.

“Ainda que os estudos mostram a redução da anemia em crianças menores de cinco anos, temos que ficar atentos, pois ela afeta diretamente no desenvolvimento, na aprendizagem e nas habilidades cognitivas, além de aumentar a predisposição a infecções e retardar o crescimento”, reforça Chaves.

O hematologista destaca alguns sintomas que são específicos de alguns tipos da doença e atenta para a percepção imediata dos sinais. “Quando se trata de deficiência em vitamina B12, a pessoa pode apresentar também pele amarelada, irritabilidade e comprometimento de nervos, com câimbras e formigamentos frequentes, além de fraqueza muscular. A deformação das hemácias pode causar bloqueio do fluxo sanguíneo e falta de oxigenação, o que gera fortes dores pelo corpo. No tipo talassemia, além dos sintomas gerais, esse tipo de anemia se caracteriza pelo inchaço da barriga, causado pelo aumento do baço e do fígado”, exemplifica.

Prevenção

De acordo com Chaves, a única forma de anemia que pode ser prevenida é a causada pela deficiência de nutrientes. Uma alimentação balanceada, rica em ferro, ácido fólico, vitaminas B12 e C é essencial para manter o bom funcionamento do corpo e, principalmente, garantir a produção da hemoglobina.

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